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terça-feira, 1 de setembro de 2009

Fé demais é ...

Em outubro de 2002, nós artistas fomos convidados a participar de um encontro com o então candidato à Presidência da República Luis Inácio Lula da Silva na casa de espetáculos Canecão, no Rio de Janeiro. Fui ao encontro como eleitor de Lula desde o meu primeiro voto e também como cidadão brasileiro, ansioso por mudanças na forma de se fazer política no país. O clima era de festa, com muitos colegas confraternizando, e um sentimento que, desta vez, a vitória viria.

Na porta principal da casa, uma tropa de políticos do PT e da coligação partidária recebia a todos com bottons, apertos de mãos firmes e palavras de ordem. E, no meio de quadros tão interessantes da nossa política, este que vos fala foi recebido justamente por quem? Pelo Bispo Rodrigues (hoje ex-político e ex-religioso).

As pulgas correram todas para trás da minha orelha. Ser recebido, no encontro do Lula com os artistas, pelo bispo da Igreja Universal, filiado ao extinto PL, não era bem o que eu esperava daquela ocasião. Era um prenúncio claro do que viria a acontecer depois.

Veio o apoio do PTB de Roberto Jefferson, que tinha horror a Lula, mas que, mesmo assim. acabaria recomendando o voto no candidato do PT, como forma de desagravo ao então presidente do seu partido, José Carlos Martinez, que, por sua vez, tinha ódio a José Serra, a quem considerava culpado pela volta aos jornais da história do empréstimo que ele teria recebido de Paulo César Farias no início dos anos 90. Com essa turma, a candidatura de Lula chegava à reta final.

A vitória veio e, com ela, uma onda de otimismo e de esperança em dias melhores, de mais inclusão, mais justiça social e menos corrupção e descaso. Éramos os pentacampeões mundiais no futebol e, com Lula presidente, ninguém segurava essa Nação. Pra frente Brasil!

Depois de dois anos de namoro, os ventos começaram a mudar com o surgimento de uma gravação onde Waldomiro Diniz, subchefe de assuntos parlamentares da Presidência da República, extorquia um bicheiro para arrecadar fundos para as campanhas eleitorais do PT e do PSB no Rio. O fato foi tratado como um deslize isolado de um funcionário de segundo escalão que, de forma alguma, representava a ideologia do Partido dos Trabalhadores. Waldomiro foi afastado do governo.

Em meados do ano seguinte, surgiu uma nova gravação, onde o então funcionário dos correios, Maurício Marinho, aparecia recebendo dinheiro de empresários. Ele dizia ter autorização do deputado Roberto Jefferson do PTB. Em defesa de seu aliado, o presidente Lula afirmou, na época, que confiava tanto em Jefferson, que lhe daria um "cheque em branco".

As investigações foram aprofundadas e, na base do "caio, mas levo todo mundo junto", o deputado afirmou, em entrevista à "Folha de São Paulo", que existia uma prática de mesada paga aos deputados, para estes votarem a favor de projetos de interesse do governo. Lula deu o cheque em branco e recebeu, de volta, a crise que derrubaria, um por um, os homens fortes do seu partido. E de uma hora para outra, José Dirceu, José Genoíno, Antônio Palocci, João Paulo Cunha e outros políticos que tanto admirávamos chafurdaram na lama da política suja, com histórias de abuso de poder, tráfico de influência e até coisas inimagináveis, como dólares transportados em cuecas e saques em boca de caixa totalmente suspeitos.

Acabou a inocência. O PT começou a desprezar quadros importantes do partido que não concordavam com as posições incoerentes com a luta pela ética e a moralização do país. Pior do que isso, acabou por expulsar alguns deles, como a senadora Heloísa Helena e os deputados Babá e Luciana Genro. Outros saíram por também não concordarem com as práticas até então impensáveis para um partido que se julgava
O autor do texto, uma cronologia sinistra, é o Lucio Mauro Filho, ator e roteirista.
As palavras deste eleitor cidadão brasileiro que colocou muita fé nas palavras até hoje mentirosas do sapo barbudo e sua gangue.
Do autor do blog

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